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Nos EUA, as microalgas atraíram o dinheiro até de Bill Gates, o fundador da Microsoft. Seu braço de investimentos Cascade e mais três investidores aplicaram US$ 50 milhões na Sapphire Energy, empresa pioneira de San Diego que diz já ter a tecnologia para produzir o que chama de “petróleo verde” (green crude, em inglês), uma fonte de energia renovável feita sobretudo a partir de microalgas.

A Sapphire clama que o produto é ao mesmo tempo capaz de substituir o petróleo e reduzir as emissões de gás que resultam do uso de combustíveis. O petróleo verde também não requer terras agrícolas para ser fabricado, ao contrário de outras matérias-primas.

Tim Zenk, vice-presidente de assuntos corporativos da Sapphire, afirma que o petróleo verde, quando refinado, dá origem aos mesmos combustíveis que o petróleo tradicional: gasolina, querosene e diesel, entre outros derivados. A diferença é que, quando os produtos que resultam desse processo forem queimados, o carbono liberado será em parte absorvido pelas algas, que posteriormente vão gerar novos litros de combustível.

A Sapphire não revela a fórmula do seu petróleo, mas a simplifica da seguinte forma: água não potável + gás carbônico + luz solar + microorganismos, sendo a maioria algas. O silêncio da empresa é ainda maior sobre a sua tecnologia de refino. Esta chama atenção justamente por permitir a obtenção de vários subprodutos, enquanto outras tecnologias existentes viabilizam a produção de apenas um tipo de combustível. A Petrobras, por exemplo, criou a H-Bio, para transformar óleo vegetal em óleo diesel. A UOP, empresa americana especializada em técnicas de refino, pretende licenciar neste ano um processo para produção de querosene de aviação a partir de matérias-primas vegetais.

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Em três anos, a Sapphire planeja inaugurar uma planta industrial no Estado americano do Novo México para testar a produção em escala de alga. Nesse estágio, a produção diária do petróleo verde pode chegar a 300 barris, diz Zenk. Em cinco anos, a companhia estima que o volume saltará para 10 mil barris ao dia — pouco menos do que a produção diária de 11,6 mil barris do Chile em 2007. Com esse volume de produção, o barril de “green crude” custaria entre US$ 40 e US$ 80. “Os custos serão similares ao da exploração de petróleo tradicional”, afirma Zenk. “Temos absoluta certeza de que a produção de algas pode alcançar uma escala impressionante”, diz.

Confiante de que vai solucionar o problema de escala e custo, a grande batalha da Sapphire deverá ser com o governo americano e os incentivos bilionários dados aos produtores de etanol de milho do país, por exemplo. “Queremos tratamento igual”, diz Zenk. “O governo não pode determinar quais são as matérias-primas de biocombustível vencedoras e perdedoras. Isso é o mercado que vai mostrar.”

{sidebar id=16} Criada em 2007, a Sapphire tem entre seus investidores o Wellcome Trust, órgão que financia pesquisas científicas, e os fundos de capital de risco Venrock e ARCH, além da própria Cascade.

Gigantes do petróleo também já mostraram interesse na produção de combustível a partir de algas. A Chevron, segunda maior petrolífera dos EUA, fez uma parceria no início de 2008 com a americana Solazyme, que já desenvolve produtos à base de algas para a indústria química e farmacêutica e agora pesquisa seu uso energético.

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